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Vacas e bezerros pastejando e engordando lado a lado

Duas estratégias diferentes para aumentar o peso à desmama dos bezerros, uma por meio de suplementação (creep-feeding) e a outra pelo acesso – também exclusivo – à pastagem de melhor qualidade (creep-grazing), estão sendo conduzidas ao mesmo tempo na Fazenda Barrinha, em Bocaina, SP, que se dedica à atividade de cria. A ideia de unir as práticas surgiu por acaso, na tentativa de driblar uma dificuldade. É que as áreas de lazer do rotacionado – onde ficam alojados o cocho de sal e o bebedouro – são bastante reduzidas. Assim, ao invés de se montar o creep-feeding dentro da área de lazer, como normalmente é feito, optou-se por instalá-lo do lado de fora, aproveitando parte do cercado que delimita o espaço circular como parte da instalação. O “puxadinho” funcionou, mas o bezerro que saísse da área de lazer em direção ao creep-feeding poderia tranquilamente atravessá-lo e ir parar no pasto ao lado, o próximo a ser pastejado no rotacionado.

“Nossa intenção era esticar alguns fios de arame na lateral externa do creep-feeding para evitar que os bezerros saíssem da área de lazer, mas demoramos para fazê-lo e a bezerrada começou a entrar no piquete vizinho, que acabou se tomando um “creep-grazing“, explica André Aguiar, da Boviplan, de Piracicaba, SP, que presta consultoria à propriedade. O sistema foi implantado há apenas três meses na Fazenda Barrinha, que possui 16 módulos de pastejo rotacionado. Cada módulo contém seis piquetes, que são atendidos por duas áreas de lazer. Na medida em que as vacas entram em um novo pasto, o bezerros têm à disposição o creep-grazing. “Somente no último piquete, mãe e cria pastejam a mesma área”, afirma Aguiar. O consultor não tem os dados de desempenho dos animais, uma vez que a desmama está programada para o mês de maio, mas aposta num resultado bastante promissor com a incorporação da prática ao creep-feeding. “Com a grande diferença de que não teremos o custo da ração, ou seja, é ganho de peso sem qualquer desembolso a mais por parte do produtor”, afirma.

Na opinião de Aguiar, além do reflexo esperado na balança, o creep-grazing quebra um paradigma que sempre rondou a atividade de cria. “O modelo está nos mostrando que é possível matrizes e bezerros ficarem lado a lado, em piquetes diferentes, sem qualquer transtorno”. “Quando as crias querem mamar, saem do piquete, atravessam a área de lazer e encontram as mães. Depois retornam ao pasto da frente”, afirma. O consultor afirma que tem observado, inclusive, os bezerros mais mansos. “Eles têm mais liberdade para escolher onde querem ficar”. As vacas tampouco se mostram irrequietas. “Inicialmente, tínhamos receio de que a vacada poderia ir atrás dos bezerros e quebrar o creep-feeding, mas não tivemos problema algum”, diz.